A "A mulher certa" foi um dos livros que mais depressa devorei. A prosa de Márai (As velas ardem até ao fim é no mesmo estilo inconfundível) é das melhores criações que já tive oportunidade de experimentar no universo da literatura. Se a função de um livro é ser lido, então este de Márai pede-nos que o devoremos. Retiro deste livro a necessidade que Márai teve de entender a vida e a morte. E como ele consegue nesta obra, em 3 monólogos diferentes, na perspectiva de cada um dos amantes mostrar de forma tão real a crueldade da ilusão da felicidade? As relações doentias, de personagens atormentados, se bem que Márai exagera os sentimentos para nos agarrar, é tão profunda que se torna inquietante.
Para reflectir sobre a leitura, recomendo à biblioteca "O Leitor comum" de Virginia Wolf. Li a edição brasileira. Será que existe já uma edição portuguesa?
"É bastante simples dizer que, por estarem os livros classificados - ficção, biografia, poesia - devemos separá-los e retirar de cada um o que é certo que nos ofereça. Certas pessoas, inclusive, procuram por livros que digam o que os livros nos podem oferecer. Mais comumente recorremos a eles com a alma perturbada e dividida, exigindo da ficção o que possa ser verdadeiro, da poesia o que possa ser falso, da biografia o que seja lisonjeiro, da história o que possa vir a reforçar nossos preconceitos. Se pudéssemos banir todas essas visões preconcebidas quando lemos já teríamos um início admirável. Como se deve ler um livro?"
21 de novembro de 2008 às 10:10
A "A mulher certa" foi um dos livros que mais depressa devorei. A prosa de Márai (As velas ardem até ao fim é no mesmo estilo inconfundível) é das melhores criações que já tive oportunidade de experimentar no universo da literatura. Se a função de um livro é ser lido, então este de Márai pede-nos que o devoremos. Retiro deste livro a necessidade que Márai teve de entender a vida e a morte. E como ele consegue nesta obra, em 3 monólogos diferentes, na perspectiva de cada um dos amantes mostrar de forma tão real a crueldade da ilusão da felicidade? As relações doentias, de personagens atormentados, se bem que Márai exagera os sentimentos para nos agarrar, é tão profunda que se torna inquietante.
Para reflectir sobre a leitura, recomendo à biblioteca "O Leitor comum" de Virginia Wolf. Li a edição brasileira. Será que existe já uma edição portuguesa?
"É bastante simples dizer que, por estarem os livros classificados - ficção, biografia, poesia - devemos separá-los e retirar de cada um o que é certo que nos ofereça. Certas pessoas, inclusive, procuram por livros que digam o que os livros nos podem oferecer. Mais comumente recorremos a eles com a alma perturbada e dividida, exigindo da ficção o que possa ser verdadeiro, da poesia o que possa ser falso, da biografia o que seja lisonjeiro, da história o que possa vir a reforçar nossos preconceitos. Se pudéssemos banir todas essas visões preconcebidas quando lemos já teríamos um início admirável. Como se deve ler um livro?"