ABANCATILÊ

Blogue da Rede de Bibliotecas de São Brás de Alportel









Cerimónia do 7º Aniversário de atribuição do nome de patrono
da Biblioteca Municipal - Dr. Manuel Francisco do Estanco Louro -



8 de Novembro 2003 - 8 de Novembro de 2010


















Realizou-se o encontro "O Falar do Alportel, segundo Estanco Louro", orientado pela Dra. Alice Fernandes - professora e investigadora da Universidade do Algarve e que há vários anos pesquisa sobre a História da Língua, principalmente os aspectos particulares da linguística no Algarve.

A Biblioteca Municipal - que muito se orgulha em ter como patrono a figura deste investigador humanista - procura desta forma divulgar a sua obra nas suas múltiplas vertentes.
A Dra. Alice Fernandes apresentou as pesquisas de Estanco Louro sobre raízes morfológicas e sintácticas que demonstram a densidade populacional da região de São Brás de Alportel e o seu povoamento por comunidades de língua e cultura latina e arábe. Estanco Louro na sua monografia "O Livro de Alportel",apresenta a sua tese sobre a existência de um Falar de Alportel:




«É a vida ainda muito viçosa no falar alportelense, de muitos vocábulos e características gramaticais do português antigo.
Os povos de Alportel, (…) conservaram, além de muitas coisas boas, como relíquia quase sagrada, uma boa herança linguística dos seus maiores. Vive ali a maior parte da língua morta de quinhentistas e pré-quinhentistas.
Não queremos advogar aqui a adopção literária de uma fala dialectal. Queremos notar apenas que deve desde já acabar a designação geral de arcaísmos para muitas palavras e modos de dizer, que têm ainda, para muita gente, uma vida pujante e que uma fala dialectal é tão pura, tão legítima como o português literário, que não é mais português do que ela e muito menos vernáculo.
Por isso nos insurgimos contra o motejo, desdém, ridículo ou ironia com que os ignorantes pretendem acolher um falar (…) e que não recorre a outras línguas para traduzir, muitas vezes, uma ideia, com a perfeição suprema.»


Mia Couto







Nascido António Emílio Couto é um escritor moçambicano.


Nascimento : a 5 de Julho de 1955 ( 55 anos) Beira, Moçambique


Nacionalidade : Moçambicana


Género Literário : Realismo mágico, Ficção histórica

Influências : Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa, Eugénio de Andrade, Sofia de Melo Breyner, João Cabral de Melo Neto, Fernando Pessoa, José Luandino Vieira.


Biografia


Filho de portugueses que emigraram para Moçambique nos meados do século XX. Nasceu e estudou na cidade da Beira. Com catorze anos de idade, teve alguns poemas publicados no jornal Notícias da Beira e três anos depois, em 1971, mudou - se para a cidade capital, Lourenço Marques ( agora Maputo). Iniciou os estudos universitários em Medicina, mas abandonou esta área no principio do terceiro ano, passando a exercer a profissão de jornalista, depois do 25 de Abril de 1974. Trabalhou no jornal Tribuna até á destruição das suas instalações em Setembro de 1975, por colonos que se opunham á independência.

Foi nomeado director da Agência de Informação de Moçambique (AIM) e organizou os correspondentes das provincias moçambicanas. A seguir trabalhou como director da revista Tempo, até 1981, e continuou a carreira no jornal Notícias até 1985. Em 1983 publicou o seu primeiro livro de poesia, Raiz de Orvalho. Dois anos depois, demitiu - se da posição de director para continuar os estudos universitários na área de biologia.

Além de ser considerado um dos escritores mais importantes de Moçambique, é o escritor moçambicano mais traduzido. Em muitas das suas obras, Mia Couto tenta recriar a língua portuguesa com a influência moçambicana, utilizando o léxico de várias regiões do país e produzindo um novo modelo de narrativa africana. Terra Sonâmbula, o seu primeiro romance, publicado em 1992, ganhou o Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos, em 1995 e foi considerado um dos doze melhores livros africanos do século XX por um júri criado pela Feira do Livro de Zimbabué.

Fundou uma empresa de estudos ambientais.

Bibliografia


Muitos dos livros de Mia Couto são publicados em mais de 22 países e traduzidos em alemão, francês, espanhol, catalão, inglês e italiano.

Poesia estreou - se no prelo com um livro de [poesia], Raiz de Orvalho, publicado em 1983. Mas já antes tinha sido antologiado por outro dos grandes poetas moçambicanos, Orlando Mendes ( outro biólogo), em 1980, numa edição do Instituto Nacional do Livro e do Disco, resultante duma palestra na Organização Nacional dos jornalistas ( actual Sindicato), intitulada " Sobre a Literatura Moçambicana".

Em 1999, a Editorial Caminho ( que publica as obras de Couto em Portugal) relançou Raiz de Orvalho e outros poemas que teve sua 3ª edição em 2001.

Contos

Nos meados dos anos 80, Couto estreou - se nos contos e numa nova maneira de falar - ou " falinventar" - português, que continua a ser o seu "ex - libris". Nesta categoria de contos publicou:


. Vozes Anoitecidas


. Cada Homem é uma Raça


. Histórias Abensonhadas


. Contos do Nascer da Terra


. Na Berma de Nenhuma Estrada


. O Fio das Missangas


Crónicas



Para além disso, publicou em livro algumas das suas crónicas, que continuam a ser coluna num dos semanários publicados em Maputo, capital de Moçambique:

. Cronicando

. O País do Queixa Andar

. Pensatempos

. E se Obama fosse Africano?


Romances

E, naturalmente, não deixou de lado o género de romance, tendo publicado:


. Terra Sonâmbula


. A Varanda do Frangipani


. Mar Me Quer


. Vinte e Zinco


. O Último Voo do Flamingo


. O Gato e o Escuro


. Um Rio chamado Tempo, uma Casa chamada Terra


. A Chuva Pasmada


. O Outro Pé da Sereia


. O beijo da palavrinha


. Venenos de Deus, Remédios do Diabo


. Antes de nascer o mundo


Prémios



. 1995 - Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos

. 1999 - Prémio Vergílio Ferreira, pelo conjunto da sua obra

. 2001 - Prémio Mário António, pelo livro O último voo do flamingo

. 2007 - Prémio União Latina de Literaturas Românicas

. 2007 - Prémio Passo Fundo Zaffari e Bourbon de Literatura, na jornada Nacional de Literatura


Eu, Mwanito, o afinador de silêncios
«A primeira vez que vi uma mulher tinha onze anos e me surpreendi subitamente tão desarmado que desabei em lágrimas. Eu vivia num ermo habitado apenas por cinco homens. Meu pai dera um nome ao lugarejo. Simplesmente chamado assim:
« Jesusalém». Aquela era a terra onde Jesus haveria de se descrucificar. E pronto, final.»
Jesusalém é seguramente a mais madura e mais conhecida obra de um escritor no auge das suas capacidades criativas.
Aliando uma narrativa a um tempo complexa e aliciante ao seu estilo poético tão pessoal,
Mia Couto confirma o lugar cimeiro de que goza nas literaturas de língua portuguesa.
A vida é demasiado preciosa para ser esbanjada num mundo desencantado,
diz um dos protagonistas deste romance.
A prosa mágica do escritor moçambicano ajuda, certamente, a reencantar este nosso
mundo.





Um primeiro encontro na Biblioteca Municipal de Olhão, com os Clubes de Leitura de São Brás de Alportel e de Olhão. Um segundo encontro na Biblioteca Municipal de São Brás com os estudantes de Humanidades da Escola Secundária.
A jovem Inês promete vir a ser um "caso muito sério" na ficção portuguesa.
Falou-nos dos 5 títulos que já tem publicados, da experimentação de técnicas narrativas, das suas leituras e expectativas.
Em detalhe foi apresentado o seu último livro "O Passado que seremos". Os jovens estudantes "bombardearam-na" de perguntas.
Brevemente colocarão no blogue as suas opiniões.






Foram 3 horas de agradável e muito instrutiva “conversa”. Lídia Jorge, com a simplicidade característica dos que sabem e reflectem, falou da “história” dos seus livros, pois há 30 anos que publica; do estilo narrativo adoptado em alguns dos seus romances e da construção complexa das personagens; dos desafios que tem sido colocados a diferentes gerações de escritores portugueses; dos constrangimentos do mundo editorial actual; da riqueza da língua portuguesa e do papel da literatura no mundo.





Nascidos para Ler

"Em que dia nos transformámos em leitores para sempre? Cada um de nós lembrará a sua história. Recordará um colo, um abraço, um livro colocado na mão de alguém, uma estante, um professor, uma certa noite, um certo dia. Aquele momento e aquela hora em que se associou uma voz humana com a capacidade de multiplicar imagens infinitas dentro da cabeça, e de permeio estavam folhas escritas. Alguém que de súbito põe a mão na máquina que roda o filme das letras, e o cinema começa a correr por dentro da nossa vida. Alguém que depois nos coloca diante duma estante e nos diz – Aqui tens, tantos seres humanos quanto as lombadas, tantos filmes quantas as páginas. És um homem livre.
Em que dia, então, nos transformámos em leitores para sempre? Em que dia começámos a nascer para ler? Em que mês do ano aconteceu esse acaso da multiplicação dos Espaços dentro das nossas vidas? Ao mesmo tempo Ulisses e os cinco Compson?
Faço estas perguntas e estou a pensar numa ideia nova, talvez a única ideia revolucionária que desde as últimas décadas a Europa foi capaz de criar. Que se conheça, a única que tem como sujeito um homem novo. É a ideia maravilhosa de que todas as crianças do Mundo devem ser concebidas como seres nascidos para ler. O que equivale a dizer que a leitura deve ser elevada à categoria duma segunda natureza da pessoa. E que a sociedade deve promovê-la como um elemento tão importante quanto se lhe reconhece o direito a uma família ou um alimento. A ideia de que esse direito imprescindível deve ser promovido pelos Estados e por todos aqueles que sabem que a leitura amplia a vida, como um dever de contágio formidável. Esta, sim, é uma ideia de Futuro e aponta para um novo paradigma de instrução para a Liberdade, no momento em que se desenham no horizonte rumores de pensamentos únicos e amnésias planificadas. O que os novos planos de leitura, que hoje em dia se implantam um pouco por toda a parte, trazem de novo é isso mesmo - Servem para proporcionar a hipótese de que esses momentos inaugurais de encontro com um livro colocado entre os olhos da criança e o abraço, se multipliquem, uma e outra vez, se prolonguem, mudem de local e de suporte, mudem de figuras e de géneros, mas que estejam sempre lá. À espera do acaso. O que significa que proporcionar esse acaso se transformou num dever. E porque não dizê-lo? - Para muitos países, como o nosso, talvez esta seja uma oportunidade única para nos transformarmos da antiga nação que somos com relutância à leitura, numa sociedade aberta, moderna, civilizada pelos livros. "


Lídia Jorge, 2007
In: http://www.lidiajorge.com/

Dia 18 de Setembro às 17:00 h na Sala Polivalente

da Biblioteca Municipal de São Brás de Alportel

Lídia Jorge - Nota Biográfica

Lídia Jorge nasceu em Boliqueime, Algarve, em 1946. Licenciou-se em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa, tendo sido professora do Ensino Secundário. Foi nessa condição que passou alguns anos decisivos em Angola e Moçambique, durante o último período da Guerra Colonial. A publicação do seu primeiro romance, O Dia dos Prodígios (1980) constituiu um acontecimento num período em que se inaugurava uma nova fase da Literatura Portuguesa. Seguiram-se os romances O Cais das Merendas (1982) e Notícia da Cidade Silvestre (1984), ambos distinguidos com o Prémio Literário Cidade de Lisboa. Mas foi com A Costa dos Murmúrios (1988), livro que reflecte a experiência colonial passada em África, que a autora confirmou o seu destacado lugar no panorama das Letras portuguesas. Entre outros romances, conta-se O Vale da Paixão (1998) galardoado com o Prémio Dom Dinis da Fundação da Casa de Mateus, o Prémio Bordallo de Literatura da Casa da Imprensa, o Prémio Máxima de Literatura, o Prémio de Ficção do P.E.N. Clube, e em 2000, o Prémio Jean Monet de Literatura Europeia, Escritor Europeu do Ano. Passados quatro anos, Lídia Jorge publicou O Vento Assobiando nas Gruas (2002), romance que mereceu o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores e o Prémio Correntes d’Escritas.A autora publicou ainda duas antologias de contos, Marido e Outros Contos (1997) e O Belo Adormecido (2003), para além das publicações separadas de A Instrumentalina (1992) e O Conto do Nadador (1992). A peça de teatro A Maçon foi levada à cena no Teatro Nacional Dona Maria II, em 1997. O romance A Costa dos Murmúrios foi recentemente adaptado ao Cinema por Margarida Cardoso. Os romances de Lídia Jorge encontram-se traduzidos em diversas línguas. Em 2006, a autora foi distinguida na Alemanha, com a primeira edição do Albatroz, Prémio Internacional de Literatura da Fundação Günter Grass, atribuído pelo conjunto da sua obra. Combateremos a Sombra, apresentado no dia 22 de Março, na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, é o seu mais recente romance, e o Grande Prémio SPA-Millennium a sua mais recente distinção.



In: www.lidiajorge.com



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